A Turma do caroço

O Expresso da Vitória, o maior time da história do Vasco, que dominou o futebol carioca de 1945 a 1952, não devia o seu sucesso apenas à qualidade técnica excepcional dos seus jogadores. Havia uma sólida união e liderança, que era exercida sem alarde pela Turma do Caroço. O grupo, liderado pelo capitão do time Augusto, foi criado no final de 1948 e se reunia toda terça-feira na casa do técnico Flávio Costa. Os encontros fortaleciam a união dos integrantes. Erros de qualquer um eram cobrados sem inibição. Brigas entre jogadores, falta de garra ou salto alto não eram aceitos. Dava-se valor à amizade e à disciplina. E nas comemorações de cada vitória alcançada nos fins de semana não podia faltar uma cervejinha.

Decisões importantes eram tomadas pela turma. Por exemplo, a contratação de Heleno de Freitas, que estava no Boca Juniors, foi aprovada numa das reuniões. Heleno era um gênio da bola mas uma pessoa nervosa, de relacionamento difícil e problemas disciplinares. Segundo Ademir Menezes, o grupo não aceitava os xingamentos de Heleno quando alguém não lhe dava uma bola no pé. Flávio Costa, persistente, sempre pedia paciência com o craque Heleno, até o dia em que este puxou uma arma e a apontou para o técnico, depois de um treino em São Januário. A arma estava descarregada, mas logo que terminou o campeonato carioca de 1949, que o Vasco conquistou invicto, a Turma do Caroço decidiu pela saída de Heleno. Muitos anos mais tarde, Ademir chegou a declarar textualmente: 

"Devemos aquele título de 49 à Turma do Caroço." (O Globo 1/11/92).


Fonte: http://www.paixaovascao.com.br Atualizado em: 30/05/2017 20h05