O gol de Valido

Em 1944, depois de vencer os Torneios Municipal e Relâmpago, que funcionavam como aperitivo para o campeonato carioca, o Vasco chegou ao último jogo do campeonato na liderança ao lado do Flamengo, que lutava pelo tricampeonato.

O jogo, exatamente contra o Flamengo, no estádio da Gávea, foi decidido no finzinho do segundo tempo a favor do time da casa, com um gol de cabeça do ponta Valido, muito contestado até hoje.

Todos os vascaínos presentes na Gávea naquela tarde juram que viram Valido se apoiar nas costas do half esquerdo Argemiro ao cabecear. Já os rubronegros unânimemente juram que não viram tal fato. Exceto o compositor e speaker Ary Barroso, que, aos berros no microfone da Rádio Tupi, lamentava que o tento não tivesse ainda por cima sido marcado com a mão.

Nas semanas após a partida, filas enormes se formaram no Cineac-Trianon, um cinema no centro da cidade, para assistir a um trecho de filme que mostrava o lance que resultou no gol de Valido.

Mas o filme era tão tremido e fora de foco que dava margem a todo tipo de interpretação, e assim ninguém mudou de opinião.

Mais de meio século depois, o radialista Luiz Mendes, cuja idoneidade está acima de qualquer questionamento, revelou no seu livro 7 Mil Horas de Futebol (pag. 37) o seguinte fato:

Dizem ainda hoje que Valido se apoiou em Argemiro, half-esquerdo do Vasco. A foto mostra claramente Valido apoiando-se em cima de seu patrício Rafanelli, um grande zagueiro argentino que atuava pelo Vasco.

Essa foto foi sempre muito escondida, principalmente por companheiros da chamada imprensa rubro-negra. Mas eu a tenho. Vê-se na foto o mundo de gente que foi à Gávea e Valido cabeceando, apoiado em Rafanelli com Argemiro saltando um pouco atrás, daí a confusão.

Infelizmente, a foto não foi reproduzida no livro de Luiz Mendes como prova incontestável de que o infame gol de Valido não deveria ter valido.


Fonte: www.vasco.com.br Atualizado em: 28/09/2017 16h08