O verdadeiro clube do povo

Nos anos seguintes à estreia na terceira divisão, o nível do time vascaíno foi melhorando, certamente graças ao atrevimento de não discriminar negros e mulatos. Apesar de ser basicamente um clube de colônia, o Vasco seguia a boa tradição portuguesa da mistura, ao contrário dos tradicionais grandes clubes de futebol do Rio.

Estes, via de regra, não somente não aceitavam indivíduos de cor em seus quadros sociais, como alguns chegavam ao extremo de admitir exclusivamente ingleses e seus descendentes - caso do Paysandu, campeão de 1912, e do Rio Cricket.

Ao contrário dos grandes clubes de futebol do Rio, desde a sua fundação o Vasco esteve aberto a brasileiros de todas as origens e classes sociais, além dos portugueses, tendo tido, inclusive, um presidente mulato, Cândido José de Araújo, eleito para o período de agosto de 1904 a agosto de 1905 e reeleito para o período seguinte, até agosto de 1906. Foi sob a sua presidência, em 24 de setembro de 1905, que o Vasco se sagrou campeão carioca de remo pela primeira vez na sua história.

O Lusitânia havia sido um clube fechado, só para portugueses, mas, ao ser absorvido pelo Vasco, foi a filosofia aberta deste que prevaleceu. Para reforçar a sua equipe de futebol, o Vasco ia recrutando sem discriminação aqueles que se sobressaíam nas peladas de subúrbio e nos clubes pequenos.

Assim, enquanto os jogadores dos aristocráticos clubes grandes eram praticamente todos brancos ricos, a maioria acadêmicos, os jogadores do Vasco eram de profissão humilde, sendo que alguns mal sabiam assinar o nome. Anos mais tarde, o clube chegaria até a contratar um professor de gramática, satisfazendo uma exigência da Liga - leia-se, dos clubes rivais, sempre a procura de pretextos para hostilizar o Vasco


Fonte: www.vasco.com.br Atualizado em: 03/08/2017 15h45